Drible ou flexibilidade?

Ao longo dos anos, acompanhei muitos clientes mudando de planos com a justificativa de que estavam sendo adaptáveis. Eu sabia acolher isso bem e também sinalizava que essa atitude era muito comum em determinadas fases da vida. É possível perceber algo em comum naqueles que se queixam de “abandonar” planos no meio do caminho: muitas dessas mudanças não vinham de uma escolha sensata e bem orientada, mas de uma tentativa de evitar desconfortos inevitáveis.

Já se perguntou “Por que será que sempre mudo de ideia e plano?”

An artistic illustration of a woman holding a large map with both hands, resembling a newspaper-sized sheet. The map covers most of her face, and her eyes are looking down at the map instead of forward. The style is soft and illustrative, with a professional yet creative tone, similar to the first image generated. The background is minimal, with subtle colors to emphasize the reflective moment. Ideal for themes of exploration and introspection.

Eu mesma passei anos ajustando planos, rotas e dando voltas em minha própria vida com a justificativa de ser adaptável, quando, na verdade, em muitas dessas mudanças eu estava apenas me esquivando da parte difícil do plano. Era mais menos dolorido dizer “tudo bem mudar” do que encarar o desconforto e as consequências naturais que qualquer objetivo traz.

A linha entre flexibilizar e fugir é muito tênue, e não é tão simples identificar quando estava sendo realmente estratégica e quando estava apenas evitando o que me desafiava. O problema é que, enquanto a esquiva experiencial predominar, os resultados que eu buscamos continuarão cada vez mais distantes.

FLEXIBILIDADE É IMPORTANTE!

Flexibilizar com seus objetivos significa ajustar o caminho sem perder de vista o destino, a sua “mira” de valores. É compreender e aceitar que o percurso pode (e vai) ser parcialmente incômodo e, ainda assim, continuar comprometido com o que importa. Já abandonar um plano – por escolha ou necessidade – não é um problema em si. Desistir, abrir mão de um plano, torna-se sadio, adequado e estratégico a depender do conhecimento que aprofundamos sobre nós mesmos. Penso que é preciso honestidade para avaliar se essa decisão está alinhada com seus valores ou se é uma variação de tentativa de escapar do desconforto.

Desconforto aparece em muitas áreas da vida. Pode ser emocional, como lidar com medos, críticas ou inseguranças. Pode ser físico, como a dor muscular de quem está iniciando um treino. Às vezes, está no esforço de aprender algo novo, enfrentar um desafio profissional ou até em sustentar uma conversa difícil. Em todas essas situações, o desconforto é parte do processo de viver uma vida significativa – aquela guiada pelos nossos valores, e não pela tentativa de evitar o que nos incomoda.

Como diferenciar flexibilidade de fuga/esquiva experiencial?

1️⃣ Reflita: Qual é o motivo da mudança? Estou ajustando o plano porque ele deixou de fazer sentido ou porque quero evitar algo desconfortável?
2️⃣ Considere seus valores: Essa decisão me aproxima ou me afasta do que é realmente importante para mim?
3️⃣ Aceite os custos: Toda escolha tem suas dores. Estou disposto a lidar com as consequências do meu objetivo?

Desistir também é apenas mais uma opção de escolha.

É importante lembrar que desistir não é, em si, algo negativo. (Fiz um vídeo sobre isso uns anos atrás. Clique para assistir.) Às vezes, o melhor caminho é abandonar um plano – desde que essa escolha seja feita com intenção e alinhamento aos seus valores. O problema surge quando as desistências se tornam constantes e motivadas pela evitação do desconforto.

Conclusão: flexibilidade é coragem.

Flexibilizar é se adaptar sem abrir mão do que faz sentido para você. É entender que o caminho pode mudar, mas o compromisso com seus valores continua firme. Se decidir mudar de rota – me chama – digo….que seja com clareza e propósito – não para evitar o esforço ou as dificuldades naturais do percurso.

E você? Ajustou a rota para seguir na direção dos seus planos ou para escapar dos entraves inerentes ao processo?

Mariana Marco é psicóloga, professora, mentora, analista do comportamento e mais outras especialidades que você pode saber mais clicando aqui. Eternamente aprendiz. Experimentadora da vida

 

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